Somos coelhos na chuva

Outro dia, houve uma chuva torrencial típica Rio Grande do Sul. Geralmente, saio desesperada para recolher os bichos e percebo como fui besta, pois eles mesmos se protegem. Não obstante, naquele dia pensei: "Ah, vou checar em casa antes de sair correndo".

Procurei pelos gatos e estavam felizes e secos na cama. Como estava frio, nem se atreveram a passear no pátio.

Ao mesmo tempo notei a ausência dos coelhos, que, faça um frio absurdo ou um calor escaldante, o gozo da brincadeira ultrapassa qualquer senso de proteção e limite. Eles querem se divertir independente do ambiente, contexto e segurança. Um desprendimento admirável e burro.

Prontamente, espiei pela brecha da janela e vi Efigênia na chuva. Como toda mãe de pet dramática, saí correndo debaixo de trovões para resgatar meus filhos. E, dito e feito, os três coelhos estavam paralisados, tremendo e completamente enxarcados. Eles não conseguiram prever os sinais de perigo que aquele dia orquestrava.

Quando escutaram minha voz, correram na minha direção e os levei em segurança para casa, onde sequei, escovei e coloquei num local quentinho e abrigado.

Nesse momento percebi: "o neuroatípico é como coelho na chuva , a gente precisa de suporte."

Às vezes, precisamos de uma ajuda para sair da chuva das crises, para entender a linguagem do mundo e precisamos de alguém que nos sinalize a placa de perigo que não enxergamos (essa, particularmente, sou MESTRE em ignorar, carinhosamente chamada por mim de sindrome de Simba "perigo, rá! eu rio na cara do perigo").

Sim, às vezes precisamos de alguém que nos tire da chuva pois estamos sem forças para procurar ou entender que precisamos de abrigo.